George W. Bush tinha razão ao afirmar que a noite do dia 11 de setembro de 2001  caiu sobre um mundo diferente. Os atentados daquele dia inauguraram  geopoliticamente o século XXI. As imagens espetaculares dos aviões se chocando  contra as torres do World Trade Center (e a intrigante ausência de imagens – ou  de destroços – do avião que se chocou contra o Pentágono ou do que caiu na  Pensilvânia) e a subsequente Guerra contra o Terror têm pautado as relações  interpessoais, internacionais, interculturais e a autoestima dos indivíduos e  nações nos últimos dez anos. Campanhas de delação afixadas em cartazes nos  principais centros urbanos dos países desenvolvidos, flagrantes abusos contra os  direitos humanos, intolerância religiosa, disseminação da xenofobia: o mundo  deste novo milênio está, decididamente, marcado pelas cicatrizes de um conflito  biopolítico. Ao contrário das guerras convencionais, nas quais são opostos dois  exércitos nacionais, neste conflito não há nenhuma possibilidade de rendição,  uma vez que o conceito de terrorismo não é capaz de acusar derrota. As  consequências imediatas desta legitimação perene do que deveria ser apenas um  estado de exceção podem ser acompanhadas em qualquer lugar, seja na normalização  dos instrumentos de vigilância da sociedade de controle, na suspensão dos  direitos civis levadas a cabo no Ato Patriótico nos Estados Unidos, ou mesmo na  invasão militar e execução sumária de acusados de terrorismo em domicílios de  qualquer país do mundo, ignoradas as soberanias nacionais ou as convenções  humanitárias vigentes. 
             Caso as Artes Cênicas se  proponham a constituir um fórum privilegiado de análise e discussão sensível,  intelectual e poética do mundo contemporâneo pode-se pensar em cena este novo  ecossistema geopolítico. A intenção de Setembro é, portanto, propor um olhar sobre a experiência  humana nestes dez anos que nos separam dos eventos de 11 de setembro de 2001.  
             Este espetáculo é um marco para o curso  de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina, cuja primeira turma  se forma agora, em 2011. É o resultado público de um curso que tem apostado na  voluntariedade de seus alunos e professores para sua construção. Os primeiros  corajosos que ingressaram e lutaram para que o curso fosse consolidado estão  hoje neste palco. A eles esta vitória. 
Setembro marca também a estreia do Projeto Primeiro Ato, da  Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, que viabilizou a produção deste  espetáculo. Mais do que isso, reforça a política institucional de promoção da  UFSC como um pólo produtor e disseminador das Artes no estado de Santa Catarina.   
Ficha Técnica:
direção: Fabio  Salvatti 
co-direção: Gerson  Praxedes
direção de arte:  Luiz Fernando Pereira (LF)
elenco: Araeliz,  Bárbara Danielli, Betinho Chaves, Carlos Silva, Célio Alves, Claudinei  Sevignani, Elise Schmiegelow, Emanuelle Antoniollo, Gabriel Guedert, Gustavo  Bieberbach, Ilze Körting, Janine Fritzen, Malu Leite, Paula Dias, Rafaela  Samartino, Ricardo Goulart, Rodrigo Carrazoni, Tainá Orsi, Tamara Hass, Thaís  Penteado, Vera Lúcia de Azevedo Ferreira, Wellington Bauer
iluminação:  Gabriel Guedert
cenário e figurino: Malu Leite 
cenotécnico: Edson 
costureira:  Iraci
vídeos: Fabiane de  Souza
fotografia:  Larissa Nowak
pesquisa de trilha  sonora: Fabio Salvatti
programação  visual: Fabio Salvatti e Wellington Bauer
produção: Expresso  Produções











